Numismata

Muita gente ainda procura a classificação ideal para o som do Numismata, banda de São Paulo que mistura influências do samba da velha-guarda com guitarras lo-fi, retoques eletrônicos e efeitos psicodélicos. Quando chegou às lojas em 2003, o álbum "Brazilians on the Moon" (Outros Discos) era capaz de dividir uma mesma prateleira tanto com CDs do Cartola quanto do The Flaming Lips. Mas o quinteto formado por Piero Damiani (vocal), Adalberto Rabelo Filho (guitarra), Carlos H. (baixo), Felipe Veiga (bateria) e André Vilela (guitarra) nunca preocupou-se com rótulos. Basta imaginá-los cinco astronautas musicais dispostos à explorar diferentes universos sonoros.

O conceito do Numismata é resultado das experiências anteriores de Adalberto em duas bandas das quais participava, uma de indie-rock e outra de MPB. A fim de unir suas preferências musicais, ele produziu em 2001 o primeiro trabalho do grupo, a demo "Módulo Experimental Zero", em que já estabelecia as bases fundamentais do que viria a ser o Numismata – lá o ouvinte encontra samba misturado com guitarras e batidas eletrônicas, cítaras e scratches, samples e teclados.

As participações especiais em "Brazilians on the Moon" também denotam a diversidade do grupo. Jards Macalé, Skowa e Vanessa Krongold (Ludov) emprestam suas vozes em algumas das canções nada herméticas do álbum. Com um indie-samba psicodélico, ao mesmo tempo vanguardista e nostálgico, o Numismata ora parece saído de carnavais sessentistas, ora soa como uma banda de garagem tocando foxtrot. Tamanho ecletismo cativou a crítica especializada, que apontou o disco debute como um dos mais interessantes daquele ano.

Para endossar a singularidade, os membros do Numismata vêm de formações bem distintas. O primeiro baterista, Rodrigo Falcão, tocou no Maybees, banda queridinha do circuito alternativo. André já assumiu a guitarra na experimental Mother Superior. Carlos foi baixista da banda punk Cauliflower e atualmente toca no Pornodogs, grupo de apoio do cantor Supla. Piero é músico regente de corais e percussionista erudito. O atual baterista, Felipe, consegue ser, ao mesmo tempo, fã de The Chemical Brothers, Hermeto Paschoal e Portishead, assim como Adalberto, principal compositor do projeto e dono de uma imensa coleção de discos que inclui desde vinis raros de Monsueto até o último CD do The Shins.

No momento, o quinteto finaliza as gravações do aguardado segundo álbum, com previsão de lançamento para junho de 2007. Batizado "Chorume", o novo trabalho é resultado de uma viagem ainda mais distante e ousada pelo universo sonoro da banda - a paleta musical agora vem carregada de krautrock, disco e até mambo.
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